Tempo de Solidão

"Tempo de solidão, tempo de exílio."

sexta-feira, setembro 03, 2004

Torpor

Tenho um novo inimigo: a inactividade.

Um Autor descreveu-a bem. Ela é a Resistência, a terrível força negativa que é o maior flagelo da raça humana desde tempos imemoriais. Insidiosa, calculista, ela é aquela pequena voz na minha alma que me sussura docemente: "não és capaz, deixa estar, laisse tomber, conforma-te, resigna-te". Cada momento é um bom momento para deixar de fazer aquilo que tinha planeado, com que tinha ambicionado. Cada segundo é um bom segundo para excusar-me e desculpar-me, para me afastar e dizer "fica para amanhã". Cada momento é, em suma, um bom momento para deixar de viver.

E eu, qual pagão inocente da decadência, escuto essa voz. E acredito nela. porque no fundo, só pode ser verdade essa mensagem de ruína e dormência. Pouco mais tenho conhecido na minha vida.

Assim cortejam os dias, essa procissão cronometrada a que chamamos dias, semanas e meses e que alguns de nós vieram a identificar como a Vida.