Tempo de Solidão

"Tempo de solidão, tempo de exílio."

domingo, agosto 15, 2004

É diferente ...

Não gosto de Lisboa, mas encontro na cidade tem um certo encanto durante o Verão. Não sei o que é, se o silêncio, se o reduzido movimento, se toda esta luz que brilha e rebrilha por todas as lajes e todas as superfícies. Enfim, qualquer coisa. Ontem, passei a manhã inteira à beira-rio, envolto numa preguiça de contemplação que não me deixou até bem tarde. Olhando para as águas calmas e escutando toda a vida que se desenrolava à minha volta, senti-me invadir por uma paz quieta e inesperada. Toda a gente parecia mais vagarosa, o movimento parecia mais calmo e despreocupado.

Sempre gostei de passear à beira-rio, ou ao longo de uma praia deserta que as horas da tarde esvaziaram. Gosto da água, de me sentir pequenino e perceber que cada um de nós é como que insignificante face a tão imponente realidade. E sobretudo, gosto da calma que o ondular das águas induz, do seu som cavo e relaxante, do seu ambiente de poesia e de música.

Não só isso, mas também as tortuosas ruas centenárias da velha vila convidam à caminhada. Perco-me pelas calçadas e vielas dos bairros antigos, sem me preocupar com todas as confusões que habitam esses antros durante o resto do ano. Agora, tudo parece deserto e adormecido, e é assim que deveria sempre ser. Só mesmo este sol abrasador e esta vastidão de descobertas ainda por fazer me fazem regressar ao meu lar, no final do dia.

No Verão, esta é uma bela cidade. Pena que a tenha de deixar em breve.